Há tempos que quero escrever sobre isso. É. Eu sofri bullying. Eu sofri um bullying muito pesado que durou e-xa-ta-men-te 8 meses, o tempo em que estudei no colégio V. Potens.
E por que o texto só saiu hoje? Porque hoje, no programa 'Encontro com Fátima Bernardes' um dos temas era "bullying".
E enquanto eu trabalhava em meu laptop e lembrando de como meu feriado foi excelente (hoje é segunda) e me sentindo feliz (como na foto abaixo).... o programa começou!
E enquanto o papo sobre bullying rolava eu fui pouco a pouco me lembrando do que passei quando eu tinha 10 anos e do quanto isso me machucou por muito tempo.
Algumas coisas no programa me chamaram a atenção e achei que valia à pena comentar. Uma destas 'coisas' foi a frase do psicólogo Francisco Daudt:
Assista ao vídeo do psicólogo Francisco Daudt, em francisco-daudt-fala-sobre-bullying.
A outra foi a excelente ideia de uma professora, Deyse da Silva Sobrino, que criou um "medicamento contra bullying", chamado Sitocol.
Obviamente, a caixinha do Sitocol é vazia, há apenas uma bula, não há sequer um comprimido, mas quando alguém pratica bullying na escola onde a referida professora leciona, recebe um exemplar do remédio.
A ideia que tem bula e tudo é genial, e deveria ser seguida por todas as escolas. Por quê? Porque bullying faz mal, a gente carrega por quase toda a vida - isso se fizer terapia - se não fizer terapia você irá carregar o trauma por toda a vida. Isso, obviamente, a depender do "tipo" de bullying que você sofreu.
Mas vocês devem estar curiosos em saber o que aconteceu comigo?
Vou contar (de forma resumida)!
Eu tinha 10 anos e acabava de me mudar do Rio para SP. Nos primeiros dias de aula tudo transcorreu muito bem e fiz amizades com um grupinho de meninas.
Mas em um certo dia, passado mais ou menos 1 mês de aulas, eu vi que e formou uma fila de meninos ao me lado e um a um, cada um deles me pediu em namoro (coisas de criança). Eu disse não para todos. E por que eles fizeram isso? Bom, eu era mesmo uma menina bonitinha e muito simpática, mas acredito que a causa principal era mesmo porque eu era uma das únicas 'meninas novas' na escola, e por isso, chamava mais a atenção do que as outras.
No dia seguinte, a menina mais popular da classe (ela era muito piadista e tinha vários quilos a mais do que o recomendado para a saúde de uma pessoa de 10 anos de idade), virou a cara pra mim e ficou todo o dia emburrada. Não vou revelar o sobrenome verdadeiro, mas seu nome é Vxxxxxx Pxxxxx.
E mais um dia se passou e quando entrei na sala de aula todas as crianças viraram a cara pra mim, sem que eu tivesse feito absolutamente nada. Foi horrível, eu ia entrando e passando na frente da professora e caminhando até minha carteira e a cada menina que eu cumprimentava, um novo rosto se virava para o lado.
Sentei em minha carteira e a única menina que ainda falava comigo era minha amiga Alessandra.
Bom, isso perdurou por todo o ano e você podem imaginar o que isso causou em mim. Eu passava os intervalos (que a gente chamava de recreio) sozinha ou com minha amiga Alessandra.
Mas julho chegou... E com ele as Festas Juninas, e no dia da festa da escola a tal Vxxxxxx não foi e então aquele se tornou o dia mais feliz do ano (será que é por isso que a ápoca de festas juninas é minha preferida?), todas as meninas que, até então, não falavam comigo brincaram comigo, chupamos picolé, corremos e tiramos fotos juntas [vou procurar a foto e escanear para postá-la aqui]. Mas no dia seguinte elas novamente viraram a cara pra mim, porque não podiam contrariar a Vxxxxxx.
Durante todo o ano, as freiras (sim, era um colégio de freiras) chamavam a minha mãe e também a mãe da menina para que, dentro da capela do colégio, ela me pedisse perdão e nos abraçássemos e eu, toda ingênua e cheia de bondade no coração, dava um abraço sincero. E eis que no dia seguinte tudo voltava ao normal, nem ela nem ninguém da classe falava comigo.
Posso afirmar com toda certeza do mundo que esse foi o PIOR ANO DA MINHA VIDA.
Por isso, se alguém algum dia lhe disser "bullying é bobagem, é coisa de criança", discorde, lembre da minha história e conte-a [eu autorizo a divulgação, se for para o bem].
Certa vez, uma psicóloga me perguntou o que eu faria se encontrasse a menina novamente. Eu, respondi: "Acho que agora, quando tantos anos se passaram, eu a abraçaria e tentaria selar a paz entre nós." Se ela assim o quisesse é claro.
E refletindo bem, essa menina devia ter muitos complexos pelo fato de ser obesa e de ter entrado uma menina bonita na escola, não?
E essa é minha história.
Acho que depois deste relato nunca mais vou ficar triste ao ouvir a palavra bullying ou ao ver um programa relacionado ao tema. Mas, sinceramente, o que mais desejo é que quem pratica o bullying e tiver a oportunidade de ler este texto, reflita um pouco antes de OFENDER, MAGOAR E PREJUDICAR A VIDA de um colega de escola. (Renata Fraia)
E por que o texto só saiu hoje? Porque hoje, no programa 'Encontro com Fátima Bernardes' um dos temas era "bullying".
E enquanto eu trabalhava em meu laptop e lembrando de como meu feriado foi excelente (hoje é segunda) e me sentindo feliz (como na foto abaixo).... o programa começou!
Eu sofri bullying... mas agora sou assim, sorridente e feliz! |
E enquanto o papo sobre bullying rolava eu fui pouco a pouco me lembrando do que passei quando eu tinha 10 anos e do quanto isso me machucou por muito tempo.
Algumas coisas no programa me chamaram a atenção e achei que valia à pena comentar. Uma destas 'coisas' foi a frase do psicólogo Francisco Daudt:
"Quem praticar bullying e depois disser 'foi só brincadeirinha', deve ouvir a resposta: 'Brincadeira é quando envolve duas pessoas', quando uma só brinca e a outra se sente ofendida, já deixa de ser brincadeira.
Assista ao vídeo do psicólogo Francisco Daudt, em francisco-daudt-fala-sobre-bullying.
A outra foi a excelente ideia de uma professora, Deyse da Silva Sobrino, que criou um "medicamento contra bullying", chamado Sitocol.
foto do 'fictício' remédio contra bullying/foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Obviamente, a caixinha do Sitocol é vazia, há apenas uma bula, não há sequer um comprimido, mas quando alguém pratica bullying na escola onde a referida professora leciona, recebe um exemplar do remédio.
A ideia que tem bula e tudo é genial, e deveria ser seguida por todas as escolas. Por quê? Porque bullying faz mal, a gente carrega por quase toda a vida - isso se fizer terapia - se não fizer terapia você irá carregar o trauma por toda a vida. Isso, obviamente, a depender do "tipo" de bullying que você sofreu.
Mas vocês devem estar curiosos em saber o que aconteceu comigo?
Vou contar (de forma resumida)!
Eu tinha 10 anos e acabava de me mudar do Rio para SP. Nos primeiros dias de aula tudo transcorreu muito bem e fiz amizades com um grupinho de meninas.
Mas em um certo dia, passado mais ou menos 1 mês de aulas, eu vi que e formou uma fila de meninos ao me lado e um a um, cada um deles me pediu em namoro (coisas de criança). Eu disse não para todos. E por que eles fizeram isso? Bom, eu era mesmo uma menina bonitinha e muito simpática, mas acredito que a causa principal era mesmo porque eu era uma das únicas 'meninas novas' na escola, e por isso, chamava mais a atenção do que as outras.
No dia seguinte, a menina mais popular da classe (ela era muito piadista e tinha vários quilos a mais do que o recomendado para a saúde de uma pessoa de 10 anos de idade), virou a cara pra mim e ficou todo o dia emburrada. Não vou revelar o sobrenome verdadeiro, mas seu nome é Vxxxxxx Pxxxxx.
E mais um dia se passou e quando entrei na sala de aula todas as crianças viraram a cara pra mim, sem que eu tivesse feito absolutamente nada. Foi horrível, eu ia entrando e passando na frente da professora e caminhando até minha carteira e a cada menina que eu cumprimentava, um novo rosto se virava para o lado.
Sentei em minha carteira e a única menina que ainda falava comigo era minha amiga Alessandra.
Bom, isso perdurou por todo o ano e você podem imaginar o que isso causou em mim. Eu passava os intervalos (que a gente chamava de recreio) sozinha ou com minha amiga Alessandra.
Mas julho chegou... E com ele as Festas Juninas, e no dia da festa da escola a tal Vxxxxxx não foi e então aquele se tornou o dia mais feliz do ano (será que é por isso que a ápoca de festas juninas é minha preferida?), todas as meninas que, até então, não falavam comigo brincaram comigo, chupamos picolé, corremos e tiramos fotos juntas [vou procurar a foto e escanear para postá-la aqui]. Mas no dia seguinte elas novamente viraram a cara pra mim, porque não podiam contrariar a Vxxxxxx.
Durante todo o ano, as freiras (sim, era um colégio de freiras) chamavam a minha mãe e também a mãe da menina para que, dentro da capela do colégio, ela me pedisse perdão e nos abraçássemos e eu, toda ingênua e cheia de bondade no coração, dava um abraço sincero. E eis que no dia seguinte tudo voltava ao normal, nem ela nem ninguém da classe falava comigo.
Posso afirmar com toda certeza do mundo que esse foi o PIOR ANO DA MINHA VIDA.
Por isso, se alguém algum dia lhe disser "bullying é bobagem, é coisa de criança", discorde, lembre da minha história e conte-a [eu autorizo a divulgação, se for para o bem].
Certa vez, uma psicóloga me perguntou o que eu faria se encontrasse a menina novamente. Eu, respondi: "Acho que agora, quando tantos anos se passaram, eu a abraçaria e tentaria selar a paz entre nós." Se ela assim o quisesse é claro.
E refletindo bem, essa menina devia ter muitos complexos pelo fato de ser obesa e de ter entrado uma menina bonita na escola, não?
E essa é minha história.
Acho que depois deste relato nunca mais vou ficar triste ao ouvir a palavra bullying ou ao ver um programa relacionado ao tema. Mas, sinceramente, o que mais desejo é que quem pratica o bullying e tiver a oportunidade de ler este texto, reflita um pouco antes de OFENDER, MAGOAR E PREJUDICAR A VIDA de um colega de escola. (Renata Fraia)
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